O incidente na Praça do Gringos e o uso do espaço público

Praça do Gringos durante o último halloween. Foto Dan Fermon

Praça do Gringos durante o último halloween. Foto Dan Fermon

Sábado à noite, eu estava com um amigo em um bar assistindo ao UFC quando recebo uma mensagem de texto no celular.

“Fecharam todas as entradas e saídas da praça do Gringos, em Ponta Negra, e vão revistar todo mundo”.

A praça era meu destino depois da luta. É um comum aqui em Natal ir para lá durante a madrugada.

Quem me dava a notícia é uma amiga que mora nas redondezas. Estranhei o conteúdo e liguei para outra pessoa que estava lá no momento. A ação policial foi confirmada, eles – de fato – fecharam as ruas, mas a revista não ocorreu*.

Alguns minutos depois, eu estava lá. Na praça se reuniam mais ou menos umas 300 pessoas, no esquema de sempre: geral com isopor, tomando cerveja, conversando e ouvindo música nos carros. O “pior” já tinha passado.

Fui me informar com colegas que estiveram lá no momento.

A ação policial ocorreu por conta de uma denúncia de que pessoas iriam vender drogas pesadas (não só maconha, como cocaína, LSD e até crack) na praça. A história começou com um evento puxado no facebook chamado #niverdepaulinha e os comentários infantis de algumas pessoas – que diziam abertamente que iriam usar drogas na festa – foi o gatilho para a polícia bater no local.

O negócio acabou sendo tão despropositado que a PM passou pouco tempo. O que ocorreu foi o que acontece semanalmente no local: uma reunião de pessoas, ouvindo música e bebendo.

Não era um evento formal. E por isso não precisava de autorização dos órgãos públicos. Apenas uma reunião de pessoas em uma praça pública, algo que é garantido até pela constituição.

A presença da polícia despertou uma série de comentários no Facebook e até um evento de protesto.

Houve um boato de que uma pessoa chegou a ser detida, mas nem isto foi confirmado até o momento.

Um blog local chegou a publicar o ocorrido – dizendo que as pessoas estavam “fazendo orgias” e necessidades fisiológicas na praça, além de acusá-los de usar drogas pesadas – mas depois da enxurrada de críticas, o post foi retirado do ar.

 O que ocorre é que aquela região é um ponto de encontro na cidade há muito tempo.

No ano passado, um São João improvisado foi realizado com sucesso. Anualmente ocorre um tradicional Halloween, organizado pelo Gringo, estabelecimento que hoje batiza o nome do local.

Com o fechamento dos bares do “segmento rock” em Natal por conta do ocorrido em Santa Maria, a presença na praça do Gringos se intensificou.

E fora o excesso de lixo na rua – que realmente é um problema deixado pelas pessoas que frequentam a área – nunca vi maiores ocorrências por lá.

Nem com relação ao som que, em geral, é colocado num volume baixo.

Acabou sendo um muito barulho por quase nada, com direito a comentários conservadores estilo “Classe Média Sofre” e uma onda de insatisfação generalizada.

Acho que isso pode servir como uma forma de alertar o poder público, sobretudo às secretarias de cultura, até para uma “formalização” do uso da praça.

Como já é um ponto de encontro há muito tempo, por que não transformá-lo em um centro cultural, com uma programação semanal (ou mensal), banheiros químicos, coleta de lixo, segurança e feira?

Pode ser uma boa saída.

Update

Algumas pessoas chegaram a ser revistadas, mas sem nenhum tipo de ocorrência relacionada a isso.

Um Comentário

  1. Sarinha

    Eu passei por lá umas 5 horas da manhã e vi muitos jovens (bem jovens) caidos nas calçadas pareciam estar drogados e bebados. Fiquei bastante preocupada por que naquela festa, e naquele bar frequentam pessoas bem próximas e muito queridas…

    • Lúcio

      Então se estava preocupada com esses “drogados” e em seu pleunasmo, “bêbados” (álcool é droga também, só que lícita), porque não se aproximou e tentou ajudálos de alguma forma? Você parece muito preocupada com esses jovens, pois têm pessoas muito queridas e próximas como você diz, se você vestisse essa camisa da preocupação de verdade, você procuraria conscientizar as pessoas do perigo do alcoolismo, faria algo que evitasse essa cena tão triste que presenciastes. O inferno, está cheio de boas pessoas feito você, Falso moralismo, a ente vê por aqui.

  2. Luiz

    “Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, SENDO APENAS EXIGIDO O AVISO PRÉVIO À AUTORIDADE COMPETENTE;”

    Acho que não é tão simples assim. De qualquer maneira, sendo ou não um ponto de encontro corriqueiro, há de ser respeitado o bem estar dos moradores da localidade.

  3. Elenluci Silva

    Amigo, não publique mais boatos! Vc não sabe o que se passa nessa praça até 7h da manhã. Procure mais informações com moradores da região. Saibam que a área residencial é maior do que a comercial, moramos aqui há mais de 20 anos e não desejaríamos à ninguém uma noite de sono sendo que temos que ficar acordados e calados dentro de nossas casas esperando uma festa de alguém acabar . A SITUAÇÃO FICOU FORA DE CONTROLE. Aconselho também procurar a opinião dos comerciantes que são totalmente à favor dos moradores. Leia o relatório do que aconteceu, procure a chefia da Semurb/ polícia militar p/ enterder de fato o que aconteceu naquela noite. Eu também fiquei curiosa para saber pelo tamanho da operação. Vejam o que me enviaram: http://www.natal.rn.gov.br/noticia/ntc-11112.html

  4. Sarinha

    Sr Lucio, fiquei preocupada, mas não podia fazer muita coisa pois, ia para o trabalho que fica em outra cidade… saiba que. comuniquei o fato a policia .

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