Marcado: mulheres

Da urgente necessidade de igualdade entre os gêneros

monica

Tenho uma tese de que grande parte dos problemas mundiais se resume a extrema capacidade de alguns seres humanos em não respeitar as diferenças.

E, talvez, o grupo que mais foi injustiçado e sofreu violências por serem diferentes no gênero foram as mulheres.

Pare e pense. Em pleno 2013, mulheres ainda ganham menos do que homens na mesma função. Muitas ainda sofrem de assédios sexuais em seus próprios ambientes de trabalho. A violência doméstica, que engloba agressões morais e físicas, está longe de ser extinta.

Uma mulher que é sexualmente livre é, ainda, vista com mal olhos tanto por homens, como por outras mulheres. Daí o termo pejorativo “piriguete”. Não há respeito às opções femininas. Enquanto que, no caso do homem, o inverso não é só aceitado, como louvado.

Mesmo com a legislação que avançou muito nos últimos anos, a mulher ainda sofre por pertencer a um gênero diferente.

A razão disso é, obviamente, cultural. E quando as feministas bradam que é necessário mudar a educação de meninos e meninas, ainda no colégio, elas merecem ser ouvidas e seguidas.

Noções de igualdade e de respeito às diferenças devem começar no berço. Ocorre que o inverso não é apenas tolerado, mas incentivado.

Meninos, quando crianças, ainda aprendem que para serem homens precisam assediar mulheres.

São incentivados a gerar uma espécie de rivalidade com as meninas e querem mostrar o tempo todo que são mais fortes, ou melhores. E daí nasce grande parte das injustiças que vemos quando esses meninos se tornam adultos.

Isso tudo ocorre, quando que a verdadeira essência do homem deveria ser a inversa: a de respeito.

Mudar essa realidade difícil significa mudar uma educação. Alterar a nossa base cultural que, desde o Adão e Eva, coloca a mulher como a culpada pelo pecado inicial por ter incentivado o homem a comer o fruto proibido.

Essas histórias precisam ser mudadas, recriadas se queremos uma sociedade mais justa e igualitária. Seja com as mulheres. Seja com minorias como os homossexuais e os negros.

O tamanho da mudança que precisa ser feito é gigante e a sua necessidade maior ainda. Isso justifica a existência de todo o movimento feminista e, espero, garanta a sua longa vida.

Mais que um momento para parabenizar as mulheres, o dia 8 de março deve servir como reflexão para quem busca uma sociedade mais igualitária e um maior respeito entre os gêneros.

Em defesa da barriga

gordinha

Se há uma grande paranoia da contemporaneidade líquida no nosso tempo, esta tem um nome só: a barriga.

A raiz do problema deve ter nascido, a algumas décadas, da cabeça de algum publicitário, ou alguém ligado no mundo da moda que determinou: mulheres não devem ter barriga.

Vale aqui uma digressão, no século XIX, as mulheres gordinhas eram consideradas o padrão de beleza da época. Até porque, naqueles anos, ser magro era sinal de pobreza.

Voltemos ao nosso tempo líquido, então.

Pois é, depois que esse sujeito teve essa brilhante ideia, o mundo feminino começou a se pautar e ficar paranoico com esse negócio chamado barriga.

Qualquer mínimo sinal de gordura era o suficiente para uma mudança brusca no humor.  E aí, deu no que deu. Modelos cada vez mais magras. Anorexias. Bulimias. E toda a merda que se seguiu adiante.

Como se não bastasse, os papas da moda e do mundo publicitário quiseram enfiar goela abaixo, no início dos anos 2000, o modelo de homem ideal. Mais conhecido como o metrossexual da barriga de tanquinho.

Apesar de ser adotado por alguns, o modelo dificilmente pegou em geral. Até porque, barriga tanquinho é antônimo de cerveja. E, assim, acredito que a negada não vai abrir mão da loira gelada por conta de uma barriga.

Eu, por exemplo, não  irei.

Enfim, acontece que hoje – em função muito da publicidade e dos padrões insistentemente repetidos – a barriga virou um objeto de repulsa. Algo que nenhuma mulher quer.

Veja só que absurdo: nosso mundo caminha para exterminar o charme de uma barriguinha flácida, cheinha, que prova que nossa fêmea – assim como nós – também é afeita aos prazeres do paladar.

Uma falta de absurdo, eu digo.

Há um quê de beleza nas carnes fartas, nas celulites e estrias do corpo feminino.

O charme só existe no imperfeito e único. Uma barriguinha saliente pode – e muitas vezes tem sim – o seu charme. Pegando carona na famosa frase de Proust: mulheres perfeitas, de revista, são para homens sem imaginação.

É por isso que sempre preferi os tons de imperfeição, como as barrigas um pouco saliente, ou com algo que as diferencie das barbies que encontramos no dia a dia.

É óbvio que corpo é corpo e o ideal é que cada um se sinta bem com o seu. Seja gordinho, magrinho ou sarado.

Mas, pelo amor de Deus, salvem as barrigas.

Porque viver em um mundo onde tudo é perfeito e ideal deve ser um saco.